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A sua origem situa-se no final do século XV, quando o arcebispo D. Jorge da Costa mandou erguer no local uma ermida e um percurso imitativo do calvário de Cristo. Nos séculos seguintes sofreu várias remodelações, mas foi em 1723 que se iniciou a mais profunda, que acabaria por conduzir o santuário à configuração que hoje apresenta. A igreja construída na primeira metade do século revelou-se insuficiente e foi substituída por outra mais ampla. Foi desenhada por Carlos Amarante e as obras começaram em 1784, tendo ficado concluídas em 1811. É um dos primeiros edifícios neoclássicos em Portugal. A fachada é ladeada por duas torres e termina num frontão triangular.Do conjunto fazem parte várias capelas e um imponente escadório barroco, verdadeira imagem de marca deste monumento. in: http://www.terravista.pt/mussulo/2313/indice.htm |
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Extensa escadaria que sobe um desnível de 116 metros por onde está representada a vida de Cristo. O pórtico, à entrada, mostra ainda o brasão de D.Rodrigo de Moura Teles, responsável pela construção, em 1723, do primeiro grande lanço de escadaria e capelas. No primeiro pequeno pátio encontram-se as duas primeiras capelas da via-sacra, a Capela do Cenáculo e a Capela do Horto, construídas no traçado original do santuário. Ao lado de cada uma, uma fonte com alegorias a deuses pagãos e em cima trechos do Evangelho alusivos ao passo representado.
A
escadaria propriamente dita
é construída com vários lanços intervalados com pátios, num
pavimento de pedras brancas que supostamente aliviam a subida. Após os
primeiros três lanços encontra-se a Capela da Prisão, onde se assiste
ao beijo de Judas e se pode beber água da fonte de Diana e a Capela das
Trevas, onde se vê Jesus de olhos vendados, ao lado da fonte de Marte.
Depois, a Capela dos Açoites, com a flagelação de Cristo e a fonte de
Mercúrio e a Capela da Coroação, onde se assiste à coroação de
Jesus Cristo com a coroa de espinhos. Mais
acima temos a Capela do Ecce Homo, onde Jesus está diante de Pilatos e
do outro lado a Capela do Caminho do Calvário, com o filho de Deus
carregando a sua Cruz. Terminam aqui as capelas originais da fundação.
A Capela do Cireneu, com Jesus caído sendo ajudado por Cireneu e da
Crucificação marcam o fim do primeiro grande lanço de escadas, que dá
lugar ao Escadório dos Cinco Sentidos, etapa final mas também a mais
longa, para chegar ao Templo do Bom Jesus do Monte.
Escadório dos Cinco Sentidos
Aqui,
os pátios convergem para patamares centrais onde se erguem majestosas
fontes com estátuas alegóricas a cada um dos cinco sentidos humanos. A
primeira fonte, a das Cinco Chagas, tem a seguinte inscrição: «Fontes
de púrpura abriu então o ódio amargo; agora o amor transforma-os aqui
em cristais para ti». É suposto o peregrino meditar nestas palavras até
à fonte da Visão, onde existe uma estátua lançando água pelos olhos
e onde a inscrição é «Varão prudente, toma-as por um sonho e assim
vigiarás». À direita a estátua de Moisés dizendo «Aqueles que
feridos olhavam saravam» e de Jeremias, com a inscrição «Eu vejo uma
cara vigilante».
A fonte do Ouvido, representado por uma figura que lança água das
orelhas tem a estátua de Idito a tocar cítara e a legenda “Que
cantava ao som da cítara, presidindo os que cantavam e louvavam o
Senhor». À esquerda está David e «Ao meu ouvido darás gozo e
alegria» em frente a uma mulher que lhe diz «Tua voz soe aos meus
ouvidos». Como seria de esperar, na fonte do Olfacto a estátua deita
água pelo nariz e a estátua é de um Varão encabeçado pela inscrição
«Dai flores como o lírio e rescendei suave cheiro». À esquerda está
Noé e à direita Sulamite dizendo «A tua estatura é semelhante a uma
palmeira... e o cheiro da tua boca é como o das maçãs».
A
fonte do Gosto, com a estátua de José do Egipto com um cálice e um
prato nas mãos. «A tua terra seja cheia das bênçãos do senhor, dos
frutos do céu e do orvalho» é o que se lê. À esquerda Jónatas
dizendo «Provei um pouco de mel na ponta duma vara e eis porque morro»
e na direita Esdras pedindo que «Prove o pão, e não nos abandones,
como o pastor no meio dos lobos». Para finalizar este aguçar de
sentidos uma visita ao Tacto, cuja fonte tem uma bilha segurada por duas
mãos, donde cai água. A estátua da fonte é de Salomão, com a
sugestiva inscrição «As minhas entranhas estremeceram ao seu toque».
Salomão está ladeado por Isaías que diz «Tocou a minha boca» e
Isaac, cego com as mãos estendidas à procura do filho e proferindo «Chega-te
a mim, meu filho, para que te toque».
Escadório das Virtudes
Datado de 1837, constituído por uma escadaria nos moldes dos Cinco Sentidos. A primeira fonte, a Fé, possui a inscrição «Correrão dele águas vivas». As alegorias fazem-se à Docilidade e à Confissão. A segunda fonte é a da Esperança, com a arca de Noé por baixo da qual cai a água: «Arca na qual... se salvaram almas». Aqui alude-se à Confiança e Glória. Por fim, a fonte da Caridade, simbolizada por uma estátua de mulher com duas crianças nos braços: «São três estas virtudes... a maior delas, porém, é a caridade». A água jorra do coração de uma das crianças e as alegorias fazem-se à Benignidade e à Paz.
No fim da escadaria vemos ainda duas capelas fora das da via-sacra mas não menos impressionantes: a de São Pedro e a da aparição de Cristo a Maria Madalena. Aqui lê-se outra sugestiva inscrição: «Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada». Para nós, a melhor parte é sem dúvida chegar aos jardins que completam a escadaria e poder descansar, admirando ainda as capelas da Elevação e da Ressurreição de Jesus. O templo que se ergue à nossa frente é enorme... atrás ficou Braga, a «cidade onde se reza».
in: http://www.epassos.com/ecinel/jornal/abril/lazer/via_sacra_braga.htm
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Inaugurado
em 25 de Março de 1882, o Elevador do Bom Jesus do Monte, em Braga,
constituiu o primeiro funicular construído na Península Ibérica. A
iniciativa da sua construção deveu-se ao empresário bracarense Manuel
Joaquim Gomes e a direcção do respectivo projecto foi do engenheiro suíço
Nikolaus Riggenbach. Este, que a partir do seu país natal enviava todas
as indicações necessárias para a construção do Elevador, contou com
a imprescindível colaboração técnica e prática do engenheiro
português de ascendência francesa Raul Mesnier du Ponsard, que em
Braga dirigiu a execução do projecto.
O Elevador do Bom Jesus é actualmente o mais antigo do mundo em serviço
a utilizar o sistema de contrapeso de água. Existem apenas mais seis
elevadores deste tipo, um dos quais é moderno, construído em 1992. O
Elevador do Bom Jesus foi o segundo funicular construído por Riggenbach
com sistema de contrapeso de água e é actualmente o único deste tipo
que aquele engenheiro construiu e que se encontra em pleno
funcionamento.
Nas vésperas de completar 120 anos de actividade, sem sofrer qualquer
acidente, o Elevador do Bom Jesus constitui hoje em dia um dos mais notáveis
exemplares do património industrial e técnico em Portugal, razão pela
qual é de extrema importância qualquer iniciativa que vise a divulgação
da sua história, à sua valorização e ao reconhecimento público da
sua importância.
in: http://elevadordobomjesus.vector21.com
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Descrição:
As obras da actual Sé de Braga iniciaram-se durante o episcopado de D. Pedro (bispo de Braga de 1070 a 1093), que concebeu um projecto de peregrinação algo semelhante ao de Santiago de Compostela e de outras igrejas de peregrinação francesas, com três naves, transepto saliente, cabeceira e deambulatório. Dessa primitiva campanha resta um absidíolo, hoje sem qualquer relação com o interior da igreja. Também o portal sul é do século XII, certamente edificado na sequência lógica do programa concebido por D. Pedro.
Ao longo dos tempos a Catedral de Braga foi um dos monumentos nacionais mais intervencionados, não cessando o enriquecimento por ordem dos bispos e do cabido, que também custeou numerosas obras. A fachada principal foi substancialmente transformada nos séculos XV e XVIII, pertencendo ao primeiro destes momentos a galilé, onde recentemente se descobriram as pinturas originais da abóbada, e ao segundo o arranjo geral dos registos superiores, obra de D. Rodrigo de Moura Teles.
Fachada principal |
Portal lateral românico |
O interior da Sé mantém um longínquo carácter medieval, mercê do restauro que a DGEMN efectuou entre as décadas de 30 e 50 do século XX, que amputou grande parte da grandiosidade barroca com que os bispos dos séculos XVII e XVIII dotaram as naves, transepto e cabeceira. A capela-mor foi igualmente despojada do seu retábulo barroco, conservando ainda a abóbada de combados da autoria de João de Castilho, e encomendada pelo bispo D. Diogo de Sousa em 1509. Já as capelas do transepto mantêm a fisionomia da campanha de inícios do século XVIII, por Manuel Fernandes da Silva, salientando-se o programa azulejar que António de Oliveira Bernardes executou para a Capela de São Pedro de Rates em 1715. A Sacristia é um pouco anterior, e serviu de inspiração ao trabalho das primeiras décadas do século XVIII. Projectada em 1698 por João Antunes, é uma obra de ruptura e de absoluta novidade para a região de Braga nesta altura, e na sua construção trabalhou Manuel Fernandes da Silva, posteriormente responsável pela remodelação das capelas do transepto.
No piso térreo da torre do lado Sul conserva-se o túmulo do Infante D. Afonso, do século XV e protegido por baldaquino. Ainda digno de nota no interior da igreja é o cadeiral, obra do arquitecto entalhador portuense Miguel Francisco da Silva e executada em 1737, bem como os dois órgãos da década de 30 do século XVIII, elaborados por Marceliano de Araújo com base em modelos de talha dourada joanina.
As dependências exteriores à Sé, mas que mantêm uma relação indissociável com o monumento, foram executadas ao longo de séculos e revelam também muito da própria história do espaço catedralício bracarense. A Capela da Glória é a mais antiga e data do século XIV. Foi mandada construir pelo arcebispo D. Gonçalo Pereira, que aí se fez sepultar, ao centro da capela, num túmulo gótico da máxima importância para a história da tumulária medieval portuguesa, pelas analogias que apresenta em relação ao túmulo da Rainha Santa, em Coimbra, e pela particularidade de ter contado com a acção de dois escultores fundamentais deste período: Mestre Pero e Telo Garcia. Do século XVI data a Capela de Nossa Senhora da Piedade, fundação de D. Diogo de Sousa, em 1513, e onde o prelado escolheu sepultar-se. Já no século XIX construiu-se o actual claustro, que substituiu outro anterior, gótico, e que já no século XVIII ameaçava ruína.
Entre 1996 e 1998, o IPPAR assegurou a conservação integral das coberturas e telhados do conjunto, assim como a revisão e instalação de drenagens interiores. Actualmente desenvolve-se um projecto global de conservação, restauro e valorização, que pressupõe a finalização de intervenções realizadas e o lançamento de novas iniciativas, tendo em vista a reabilitação total do imóvel, a musealização de algumas partes incluindo o restauro dos patrimónios móvel e integrado.
(in: http://www.ippar.pt/monumentos/se_braga.html)
Cronologia:
Séc. XI - Construção de uma igreja episcopal sob a iniciativa do bispo D. Pedro (1070 - 1091), sobre os restos de um grande edifício romano e outro da Alta Idade Média;
1089 - Sagração da mesma;
1096 / 1108 - construção da capela de S. Geraldo;
1118 / 1137 - início da reconstrução da Sé sob a iniciativa do arcebispo D. Paio Mendes;
1135 - Derrocada das torres por acção de terramoto;
1210 - D. Sancho I legou à Sé 2 mil morabitinos;
1212 / 1228 - Reparações na sacristia e claustro e reconstrução da capela de S. Geraldo;
1326 / 1348 - D. Gonçalo Pereira manda construir a capela tumular, conhecida como capela da Glória, junto à de S. Geraldo, bem como pintar o coro;
1374 - D. Lourenço Vicente manda construir, junto da parede N. da Sé, no local onde estavam sepultados os condes D. Henrique e D. Teresa, uma capela, a capela dos reis;
Séc. XV - Data do túmulo do infante D. Afonso, filho de D. João I;
1416 / 1467 - D. Fernando da Guerra dotou e restaurou a Biblioteca, bem como a capela de S. Geraldo;
1486 / 1501 - Construção da galilé;
Séc. XVI - O arcebispo D. Diogo de Sousa procede a melhoramentos no portal axial, retirando-lhe 2 arcadas e o mainel;
1505 / 1532 - Reconstrução da capela-mor, sob desenho de João de Castilho; construção de retábulo em pedra de ançã; restauro das torres; reconstrução do claustro; restauro da capela de S. Geraldo;
1513 - Construção da capela de Jesus da Misericórdia (Nª Sª da Piedade);
Séc. XVII, finais - Construção da sacristia grande;
1704 / 1728 - Reforma ordenada por D. Rodrigo de Moura Teles: remodelação das capelas laterais; remodelação da capela de S. Geraldo; aplicação de talha dourada; execução de janelas para maior entrada de luz; execução de um zimbório no cruzeiro e uma cúpula junto ao coro-alto; reforma das duas torres da fachada;
1721 - Transferência das grades da capela-mor para a galilé;
1737 - Data do cadeiral;
1737 / 1738 - Construção dos orgãos por Fr. Simon Fontanes com a colaboração de Marceliano de Araújo;
1755 - Terramoto provoca fendas nas torres;
1758 / 1789 - obras no claustro; destruição do retábulo da capela-mor;
1930 - Criação do Museu de Arte Sacra.
Tipologia:
Arquitectura religiosa românica, manuelina e barroca. Sé românica de planta em cruz latina, 3 naves cobertas em madeira e cabeceira de 5 capelas com abóbada artesoada manuelina e frontispício flanqueado por torres e com galilé de estilo barroco, como são também outras construções anexas. O portal axial, que conjuga arcadas românicas com outras góticas, constitui na parte românica um mostruário de rica temática do que se designou por escola decorativa românica bracarense. O portal S. é outro mostruário temático do românico rural da região.
Características Particulares:
A Sé preconiza uma série de esquemas construtivos e decorativos que se repetem na região pelo facto de ser sede Episcopal de extensa diocese. Os capitéis do portal axial têm grande originalidade, quer na modelação do cesto, quer na organização decorativa. Os do portal S. representam uma oficina de gosto mais refinado e ecléctico. Nota-se relativa pobreza de ornamentação na cachorrada que percorre a Sé. A abóbada de combados da capela-mor é considerada a primeira do género construída em Portugal. Frontal do altar-mor em gótico final, organizando as figuras em edículas e onde é notório a horror ao vazio. Pinturas mudéjares na Capela da Glória. Cadeiral maneirista de excelente qualidade. Os órgãos são considerados os mais espectaculares do estilo joanino.
(Condensado da Informação da DGMN; in: http://7mares.terravista.pt/hcesarop/SeBraga.htm)
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Porque nos chamam LUSITANOS? LUSOS? LUSÍADAS?
"Esclarecer a origem dos lusitanos, que viviam há 2.300 anos na Hispânia ou Península Ibérica, parece não ser tarefa fácil.
A.H. de Oliveira Marques diz na sua História de Portugal, que quando os romanos conquistaram e civilizaram a Península Ibérica para sempre ( século II AC até século I) encontraram vários povos indígenas, entre os quais os Lusitani e os Celti que não tinham grande diferença entre si e que os primeiros eram com toda a probalidade povos indígenas celticizados.
A Enciclopédia Britânica, diz que os lusitanos eram um povo ibérico e que no território que hoje é Portugal, resistiram à penetração romana até século II DC. mas que não se tem a certeza se os Lusitanos eram povos iberos celticizados, ou estavam relacionados com os Celtas Lusões do Nordeste da Península Ibérica.
O Dicionário de História de Portugal, de Joel Serrão, dedica várias páginas ao assunto e esclarece um pouco melhor. Aparentemente foi Estrabão, geógrafo e historiador grego dos começos da nossa era, quem primeiramente se referiu aos lusitanos como « a maior das tribos ibéricas, com a qual muitos anos lutaram os Romanos». Plínio e Ptolomeu, assim como outros escritores antigos também se referiram aos "celtici".
Num recente estudo sobre a etnologia dos lusitanos, o Dr. Scarlat Lambrino, partilhando a apinião de Schulten, procurou demonstrar com argumentos bastante convicentes, que tanto os Lusitanos como os Lusones eram povos de origem céltica, talvez procedentes dos Alpes Suiços, entrados na Península quando das migrações célticas, tendo.-se os Lusones fixado na região das nascentes do Tejo e os Lusitanos continuando a marcha, seguindo o vale desse rio até ao AtLantico, possìvelmente em busca de melhores terras.
Parece também que a palavra Lusos foi uma criação literária empregada pelos humanistas dos séculos XVI e XVII, baseados num passo mitológico de Marco Varrão ( Plinio, III, 8) que filia o topónimo Lusitânia em Lusus ou Lysa, filhos de Baco.
Inspirado nesta fantasiosa lenda, deu Camões à epopeia nacional o título de Lusíadas ( A Britânica diz que Camões chamou Lusíadas ao seu poema épico, derivado de Lusitânia - Província Romana ), com o significado de filhos ou descendentes daquele Luso da mitologia.
Alexandre Herculano, por outro lado, colocou-se porém num ponto de vista exageradamente oposto e recusou-se a aceitar qualquer relação étnica entre os antigos lusitanos e os Portugueses actuais.
Mais detalhes sobre os Lusitanos ( Ver Dicionário de História de Portugal - de Joel Serrão )."
in: http://www.geocities.com/atoleiros/Portugal1.htm
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Viriato é citado por Diodoro ( XXXIII ) que diz que Viriato "nascera na Lusitânia, cerca do Oceano", talvez na região de Estremadura, entre o Tejo e o Douro, e, como pastor que era, filho da montanha, possivelmente oriundo da Serra da Estrela ( Mons Herminius ). Dizem os seus antigos biógrafos, como Orósio, Diodoro, Lívio e outros, que Viriato, na sua mocidade, apascentara rebanhos e fora caçador, em seguida fizera-se bandoleiro; depois, mais audaz que outros, foi capitão de ladrões de estrada, cujo bando praticava, simultânemante com outros bandos semelhantes, frequentes assaltos, saqueando os povoados das regiões mais ricas das planícies do Sul; e finalmente, como chefe do exército lusitano, fora o terror dos Romanos.
Lucílio chamou-lhe o "Aníbal bárbaro", igualando o seu génio militar ao do grande general cartaginês. A sua estratégia foi a luta de guerrilhas muito popular com os guerreiros hispanos, mas usada por Viriato não já só para a defensiva, como também para o ataque.
O Aparecimento de Viriato
Viriato aparece na História, quando em 147 AC se opôe a rendição dos lusitanos a Caio Vetílio, que os tinha cercado no vale de Betis , na Turdetânia. Viriato lembra aos seus companheiro a traição anterior de Galba, em que mais de 30.000 lusitanos foram assassinados, homens , mulheres e crianças e outros foram vendidos como escravos nas Gálias.
Demonstrou-lhes que os romanos eram inimigos falsos, sem palavra e que já os haviam atraiçoado miseravelmente, conseguindo assim convencê-los, e é eleito chefe.
Derrota os romanos no desfiladeiro de Ronda, que separa a planície do Guadalquivir da costa marítima da Andaluzia, fazendo nas fileiras inimigas uma espantosa chacina, tendo sido morto o próprio Vetílio.
Seguidamente os lusitanos destroçam as tropas de Cayo Pláucio, tomando Segóbriga e as de Cláudio Unimano, que em 146 AC era o governador da Hispânia Citerior. Em 145 AC os lusitanos voltam a derrotar as tropas romanas de Caio Nígidio.
Em 145 AC Quinto Fábio Máximo, irmão de Cipião "O Africano" é nomeado consul na Hispania Citerior e é encarregado da campanha contra Viriato ao comando de duas legiôes. Ao princípio tem algum êxito mas Viriato recupera e em 143-142 AC volta a derrotar os romanos em Baecula e obriga-os a refugiar-se em Córdova.
Simultâneamente, seguindo o exemplo do chefe lusitano, as tribos celtibéricas revoltavam-se contra as prepotências romanas, acendendo uma luta que só terminaria em 133 AC com a queda de Numância.
Em 140 AC Viriato derrota o novo consul Fábio Máximo Servilliano, matando mais de 3.000 romanos, encurralando o inimigo e podendo destroçá-lo, mas deixou Servilliano libertar-se da posição desastrosa em que se encontava, em troca de promessas e garantias de os Lusitanos conservarem o território que haviam conquistado. Em Roma esse tratado de paz foi depois considerado humilhante e vexatório e o Senado romano volta atrás, e declara-lhe guerra.
Viriato tinha agora um exército desfalcado e fatigado das lutas. Apagava-se a sua estrela. O novo governador Quinto Servílio Cipião reforçado com tropas de Popílio Lenas, dispunha de forças muito superiores. Viriato foi compelido a pedir a paz, tendo que entregar aos romanos os principais revoltosos. Enviou a Servílio três emissários, Audax, Ditalkon e Minuros, que Viriato considerava dos seus melhores amigos.
Estes foram subornados por Servílio que lhes prometeu honras e dinheiro em troca do assassinato do seu chefe. Estes assim procederam, e o glorioso caudilho foi por eles morto quando se encontrava a dormir na sua tenda.
Morte de Viriato em 140 AC assassinado por Audax, Ditalkon e Minuros
Camões
imortaliza Viriato nos Lusíadas, Canto VIII estrofe VI:
Assi o gentio diz. Responde o Gama:
Este que vês, pastor já foi de gado;
Viriato sabemos que se chama,
Destro na lança mais que no cajado;
Injuriada tem de Roma a fama,
Vencedor invencíbil, afamado.
Não têm com ele, não, nem ter puderam,
O primor que com Pirro já tiveram;
Os Portugueses de hoje consideram este seu remoto antepassado lusitano uma das mais belas e sugestivas figuras simbólicas do espírito de independência, de estoica heroicidade e de sacrifício total pelas liberdades pátrias. Em 1940 foi erigida em Viseu uma estátua à memória de Viriato. A Espanha considera também Viriato ( e está no certo, pois Viriato é um herói hispano muito anterior à formação das nacionalidades ibéricas ) como seu antepassado,e já tinha anteriormente feito o mesmo, erguendo-lhe uma estátua em Zamora, que contem na sua base a sugestiva legenda:
TERROR ROMANORUM.
(Condensado de Dicionário de História de Portugal de Joel Serrão)
in: http://www.geocities.com/atoleiros/Portugal1.htm
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Localizada no Sudoeste europeu, confinada entre a Espanha e o Oceano Atlântico, a República Portuguesa tem cerca de 90 000 Km2 na sua parte continental e inclui ainda os arquipélagos dos Açores e da Madeira, tendo uma população total estabilizada em torno dos 10 milhões de habitantes. Mais 4 milhões estão emigrados por todos os continentes (França, Brasil, África do Sul, Estados Unidos da América, Canadá, Venezuela, Alemanha, Suíça e Luxemburgo têm sido destinos preferenciais). A população é essencialmente do tipo mediterrânico mas com muitas cambiantes, fruto das miscigenações com os mais variados povos que por aqui passaram. O território é habitado desde tempos remotos e há vestígios de ter havido ligações com Fenícios e Gregos no séc. VI a.C.. Facto certo é a presença dos Cartagineses na Península Ibérica (Portugal e Espanha) e o controlo da mesma pelos Romanos depois da vitória sobre aqueles em 218 a.C.. Apesar da forte resistência dos Lusos (habitantes da Lusitânia), o assassinato do seu principal chefe (Viriato) acaba por abrir caminho à criação da Província Romana da Lusitânia no séc. II a.C.. A influência romana é fortíssima a todos os níveis e pode ser observada, ainda hoje, na língua portuguesa (uma língua de origem latina) ou na religião católica, que a maior parte da população professa. Houve, então, sucessivas invasões: Suevos, Alanos e Visigodos e, em 711 d.C., os Árabes (que marcarão culturalmente toda a Península Ibérica e aqui permanecerão vários séculos). A reconquista dos territórios começou pelo Norte da Península, nas Astúrias. Com a ajuda de nobres franceses, a reconquista progride e Afonso VI de Leão e Castela doa a um deles, seu genro (Henrique de Borgonha), o território que é hoje o Norte de Portugal, o então designado Condado Portucalense. O filho de D. Henrique, D. Afonso Henriques, acabará por ser o primeiro Rei de Portugal ao rebelar-se contra D. Teresa, sua mãe (1128), e ao forçar o reconhecimento da independência em 1143. A reconquista portuguesa terminará em 1249, com a conquista do Algarve por D. Afonso III, o mesmo Rei que elevará Lisboa a Capital. Em 1290 D. Diniz cria a Universidade de Lisboa, depois mudada para Coimbra em 1308. O séc. XIV é marcado pela peste, pela guerra civil e pela guerra contra Castela (1383-85): ao vencer a Batalha de Aljubarrota, o Mestre de Avis funda a Dinastia de Avis, com o título de D. João I. Também será no seu reinado, através do trabalho do seu filho Infante D. Henrique, O Navegador, que Portugal iniciará a sua fase que muitos vêem como a mais brilhante: os Descobrimentos. Para além da descoberta dos arquipélagos dos Açores, Madeira e Cabo Verde, o séc. XV traz consigo as explorações e conquistas na costa africana (processo iniciado em 1415 com a tomada de Ceuta) e o estabelecimento de feitorias – pontos de apoio que se revelaram extremamente importantes para Bartolomeu Dias conseguir dobrar o Cabo das Tormentas, tornando-o no Cabo da Boa Esperança (1488) e abrindo caminho para a chegada de Vasco da Gama à Índia (1498). A descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral (1500) e a constituição do Império Português das Índias torna Portugal numa das maiores e mais ricas potências coloniais do mundo, com um comércio florescente de especiarias e outros bens de luxo. No entanto, a expulsão dos judeus pelo Rei D. Manuel, o estabelecimento da Inquisição e a morte do Rei D. Sebastião em Alcácer Quibir (1578) marcam o declínio financeiro, cultural e político do país, permitindo a subida ao trono de D. Filipe II de Espanha (1580) e a unificação dos dois países. Portugal perde as suas colónias e Ingleses e Holandeses delas se apoderam, sobretudo depois da derrota da Armada Invencível (1588). Só em 1640 Portugal retoma a sua independência, com D. João IV (o primeiro Rei da Dinastia de Bragança). A dificuldade na recuperação das possessões na Índia e em África e o renovar da velha aliança com os Ingleses (iniciada com o Tratado de Windsor, em1386, o mais antigo entre 10 duas nações), dá origem à exploração do Brasil, com a expulsão dos Holandeses. A descoberta do ouro e os tratados comerciais Luso-Britânicos levam à intensificação daquela. Só com o despotismo iluminado do Marquês de Pombal (1750-1777), e após o terramoto que destruiu grande parte do país (1755), se dá uma aposta nas indústrias e na educação e um combate aos poderes de nobres e do clero. O século XIX assiste a grandes acontecimentos: as invasões francesas (1807-11) só podem ser contidas graças ao apoio militar dos Ingleses, com um preço económico muito elevado (uma das razões a impedir que Portugal acompanhasse o ritmo da Revolução Industrial e se atrasasse ainda mais); a Revolução Liberal (1820) e a Guerra Civil (1832-34), que encerrará a Monarquia Absolutista; a Independência do Brasil e a perda de uma fonte de receitas vital (1822); a tentativa de modernização, liderada por Fontes Pereira de Melo, que não evitou um agravar do grande atraso económico perto do final do século; a primeira tentativa de implantação da República (1891). Em 5 de Outubro de 1910 dá-se a instauração da República e o país inicia um período de grande instabilidade política, apesar da chegada da democracia e a entrada em vigor de uma constituição liberal, a separação dos poderes do Estado e da Igreja, o estabelecimento do direito à greve e a aposta na educação (Universidades do Porto e Lisboa, 1911). Durante a I Grande Guerra, honrando a Aliança Luso-Britânica, soldados portugueses combatem em França e em África, ao lado das tropas Aliadas, mas Portugal não tira vantagens económicas nem políticas desse facto. Um golpe militar em 1926 põe fim ao conturbado período da I República, instaurando um regime que, a partir da Constituição de 1933, passa a designar-se por "Estado Novo", corporativista e nacionalista ("Deus, Pátria e Família"), liderado por António de Oliveira Salazar. Este regime (também conhecido como "Salazarismo") apoiará Franco durante a Guerra Civil Espanhola e será neutral durante a Segunda Guerra Mundial, só permitindo o uso das bases aéreas dos Açores aos Aliados no final da Guerra, quando as tropas do Eixo estavam a enfraquecer. Este período teve o isolamento internacional como uma das linhas fortes ("Orgulhosamente Sós") e nem o estatuto de fundador da EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre, 1959) vem esconder esse facto – agravado com a condenação, pelas Nações Unidas, do colonialismo em África, nos territórios da Índia e, em particular, das guerras coloniais (1961-1974). Outra das suas vertentes foi um certo obscurantismo, que explicam os cerca de 30% de analfabetismo do início dos anos 70 e o grande atraso económico estrutural que separa Portugal do resto da Europa Ocidental. Estas orientações, entre outros motivos, acabam por depauperar a economia, no final dos anos sessenta, iniciando-se um período de forte emigração, sobretudo para a Europa (mais de um milhão de pessoas em menos de uma década, quase todas em idade jovem). Isto levou a que nem a abertura política que se seguiu à saída de Salazar em 1968, com a "Primavera Marcelista", evitasse a "Revolução dos Cravos", em 25 de Abril de 1974. Depois de um período muito conturbado (que incluiu a nacionalização de quase toda a economia e a independência das colónias), foi aprovada uma constituição democrática e muito progressista: foi instaurado um regime semi-presidencialista, com forte poder da Assembleia da República, que passou a ser eleita por sufrágio universal e directo (isto é, por todos os cidadãos maiores de 18 anos). As primeiras eleições legislativas realizam-se em 1976 e Mário Soares torna-se Primeiro Ministro. Portugal, depois de ter estado muito próximo da bancarrota (1978 e 1982), acaba por entrar para a Comunidade Europeia em 1986 e iniciar uma época de grande crescimento económico e de construção de infraestruturas. Em 1989 dá-se a quarta Revisão da Constituição de 1976 pela Assembleia da República e inicia-se um processo intenso de privatizações que mudam a face da economia portuguesa e permitem ao Estado diminuir a dívida pública e controlar a inflação (2,8% em 1998) sem aumentar gravemente o desemprego (5% em 1998). No entanto, os sectores tradicionais continuam a ter um forte peso na economia (têxtil, calçado, cortiça, metalomecânica, etc.), destacando-se também o turismo.
(in: www.up.pt/conhecaup/reit/dsti/GuiaEE-pt-Internet.pdf)
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(Texto de Isabel Oliveira, com Manuel Rufino Teixeira, Expresso, Lisboa, 08 de Junho de 2002)
Portugal já foi representado por dez bandeiras, nove referentes à monarquia e uma imposta pelos republicanos, cada uma delas espelhando os valores mais sagrados para o poder vigente.
1143-1185: D. Afonso I a D. Sancho I
O nosso primeiro estandarte, dos tempos da fundação da nacionalidade, tinha a Cruz de Cristo sobre um fundo branco. Não admira: «De prata, uma cruz, de azul» era esta a descrição heráldica do escudo de D. Afonso Henriques, herdada, segundo se diz, de seu pai, Henrique de Borgonha. Esta bandeira simbolizou Portugal desde a sua independência - em 1143 - até 1185, se bem que durante este período se tenha registado uma evolução natural da representação pátria: de acordo com Trindade Coelho, esta advém da alteração introduzida por D. Afonso Henriques no seu escudo quando foi aclamado Rei: a entrada de um elemento novo na composição do brasão, os besantes ou dinheiros, cujo significado heráldico é o de resgate ou o direito de cunhar moeda.
1185-1248: Sancho I a D. Afonso III
Sucede-lhe no trono o seu filho D. Sancho I, que promove as «quinas» - escudetes em azul carregados de besantes a branco - que se dizem representar as cinco chagas de Cristo crucificado, enquanto que os 25 besantes, acrescidos dos cinco do escudete final, representariam as 30 moedas da traição de Judas.
Saliente-se, no entanto, que os besantes não eram inicialmente cinco em cada escudo, aparecendo mais frequentemente 11. Para muitos historiadores, este brasão nunca chegou a tomar a forma de bandeira. A segunda insígnia perdurou até 1248, sendo adoptada por D. Afonso II (Rei entre 1211 e 1223) e D. Sancho II (1223-1248). Estava-se perante um compromisso entre a força das armas (escudos ou escudetes) e a simbologia da cruz.
1248-1385: D. Afonso III a D. João I
Não sendo o primogénito de seu pai, D. Afonso III (1248-1279), «o Bolonhês» - cognome atribuído por ter casado com D. Matilde, condessa de Bolonha - não deveria usar as armas paternas sem «diferença», de acordo com as práticas da heráldica da época. A sua união posterior com D. Beatriz de Castela ditaria a introdução de uma borda vermelha castelada a ouro. O facto de ter sido Afonso III quem conquistou definitiva e completamente o algarve levou à convicção de que os castelos representavam o território. Trata-se, no entanto, de uma ideia errada, já que nesta altura o número de castelos ainda era variável, tal como o número de besantes nos escudetes.
O estandarte vermelho e branco permaneceu intocável com D. Dinis (1261-1325), D. Afonso IV (1325-1357), D. Pedro I (1357-1367) e D. Fernando (1367-1383).
1385-1481: D. João I a D. João II
A Dinastia de Avis, iniciada com D. João I em 1385, traz consigo uma modificação de fundo na bandeira, ao incluir na bordadura vermelha as quatro pontas da cruz florida desta Ordem. Na realidade, estas eram já as suas armas como mestre de Avis. O número de besantes é reduzido, embora ainda não esteja fixado nos actuais cinco.
D. Duarte (1433-1438) mantém a simbologia e o mesmo acontece com D. Afonso V (1438-1481).
1481-1495: D. João II
No reinado de D. João II, entre 1481 e 1495, dá-se uma espécie de regresso à última bandeira da dinastia afonsina, embora só com sete castelos. Os escudetes azuis continuam a formar uma cruz, mas são endireitados, ficando todos a apontar para baixo, e a cruz de Avis é retirada. Nesta que é a última bandeira armorial usada como pavilhão «nacional», os castelos aparecem frequentemente em número de sete.
1495-1557: D. Manuel I a D. João III
Caberia a D. Manuel I (1495-1521) uma transformação significativa ao símbolo nacional: numa altura em que se começam a usar as bandeiras rectangulares com um brasão no centro em vez das bandeiras armoriais quadradas, o fundo mantém-se branco, mas existe apenas um escudo peninsular (no interior os cinco escudetes azuis, na forma original, debruados a vermelho com os sete castelos a ouro) encimado por uma coroa real, aberta.
Não é por acaso que a coroa aparece pela primeira vez com D. Manuel I, na altura em que Portugal conhece o apogeu da expansão marítima: à expansão africana juntar-se-ia a chegada de Vasco da Gama à Índia e a descoberta, por Pedro Álvares Cabral, do Brasil. Ao intitular-se Rei de Portugal e dos Algarves «de aquém e de além mar, senhor da navegação e da conquista da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia», ficou a ser o símbolo de ouro da História de Portugal. D. João III (1521-1557) segue-lhe as pisadas.
1557-1816: D. Sebastião a D. João VI
Em 1557, no reinado de D. Sebastião, impõem-se duas alterações: a coroa passou a ser fechada, a exemplo de outros monarcas europeus, e o número de besantes em cada escudete é fixado em cinco, como foi fixado o número de castelos na bordadura (sete).
É esta a bandeira que prevalece com o cardeal D. Henrique (1578-1580), com D. António, prior do Crato (Junho-Agosto de 1580 no Continente, 1580-1583 em algumas ilhas dos Açores, nomeadamente a Terceira), com a dinastia filipina e boa parte da dinastia de Bragança. D. João IV (1640-1656) limitou-se a mudar o formato do escudo (ponta redonda), cabendo a D. Pedro II (1683- 1706) a adaptação do brasão às mais recentes modas, passando a coroa a ter cinco hastes em vez de apenas três.
Com D. João V, a coroa «virou» forrada de um barrete vermelho e o escudo terminava em bico contracurvado, no formato dito francês.
1816-1826: D. João VI a D. Pedro IV
Só no reinado de D. João VI (1816-1826), quando as invasões napoleónicas forçam a Corte a fugir para o Brasil, se inaugura uma nova bandeira: a chamada brasileira.
A esfera armilar, um antigo emblema pessoal de D. Manuel e já usado na bandeira das naus da carreira do Brasil, foi apropriadamente acrescentada por este à bandeira real, para simbolizar o Reino de Portugal e Brasil, sendo a coroa colocada em cima da esfera. O escudo volta a ter a ponta redonda, no formato português.
1826-1910: D. Pedro IV a D. Manuel II
A última bandeira da monarquia, que é talvez a mais conhecida entre nós, surge em 1828, durante a regência de D. Pedro IV, que herdou a coroa portuguesa por morte do irmão primogénito e foi Rei durante alguns meses do ano de 1834. Metade azul (lado esquerdo), metade branca, o escudo está colocado rigorosamente no meio, já liberto da esfera armilar, mas idêntico ao anterior. É também designada como a bandeira constitucional e representaria o nosso país até 1910, quando foi proclamada a República.
Ainda hoje, nas manifestações de monárquicos, surgem misturadas as bandeiras tradicionais (brancas) e as do Liberalismo (azuis e brancas) em pacífico convívio.
Com a implantação da República, as cores de uma nova bandeira são aprovadas pelo Governo em 29 de Novembro de 1910 e ratificadas na Assembleia, em 19 de Julho de 1911: verde e vermelho, ocupando a área verde os 2/5 da área total da bandeira e a vermelha os 3/5 restantes. Ao centro, o brasão da República, constituído por um escudo (de novo em formato português) sobreposto a uma esfera armilar, cujo diâmetro é igual a metade da altura da bandeira. As cores representam um corte radical em relação às bandeiras da monarquia, mas note-se que o brasão se manteve praticamente sem alterações desde 1481.
Simbologia
Cor Verde - Representa a esperança em melhores dias de prosperidade e bem-estar e também os campos verdejantes.
Cor Vermelha - Representa o valor e o sangue derramado nas conquistas, nas descobertas, na defesa e no engrandecimento da Pátria.
Esfera Armilar - Situa-se no centro da divisão das duas faixas, simbolizando as viagens dos navegadores portugueses pelo Mundo, nos séculos XV e XVI.
Armas de Portugal - Assentam sobre a esfera armilar, sendo compostas por um escudo maior com outro mais pequeno brocante, simbolizando o escudo, a arma de defesa utilizada pelos nossos antepassados nos combates.
Escudo Maior - É vermelho e à sua volta estão representados sete castelos que representam as cidades fortificadas que D. Afonso III tomou aos mouros.
Escudo Pequeno - É branco e encerra cinco escudetes azuis pequenos, fazendo alusão às cinco chagas de Jesus Cristo. Cada um desses escudos contêm cinco besantes de prata que contando duas vezes os da quina do meio, recordam os trinta dinheiros pelos quais Judas vendeu Jesus Cristo e simbolizam o poder régio de cunhar moeda.
Autores da Bandeira Republicana: Columbano, João Chagas e Abel Botelho.
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Retalhos sobre Braga:
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Braga era, há perto de 2 000 anos, uma cidade importante do Império Romano e tinha o nome de Bracara Augusta (Por isso, se dizem bracarenses, os habitantes da cidade). Era a sede de um dos Conventos Jurídicos da Galécia, daqui partiam várias estradas para outras regiões do império e, em 216, tornou-se capital da província da Galécia. | |
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Pela importância que tinha, no início do séc. V, a cidade de Braga tornou-se a capital do reino que os Suevos, um dos povos bárbaros que invadiram e conquistaram o Império Romano, formaram no NO da Península Ibérica. | |
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No ano de 456, a 28 de Outubro, a cidade de Braga foi conquistada, saqueada e parcialmente destruída pelo exército visigodo de Teodorico II, vindo, a partir desta altura, a perder alguma da importância que tinha até então. | |
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A partir do século VIII, e devido às diversas incursões muçulmanas e cristãs, a cidade foi sendo sucessivamente destruída e abandonada, voltando a entrar definitivamente na posse dos cristãos apenas no séc. XI. | |
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A construção da Sé de Braga iniciou-se há mais de novecentos anos, no tempo do bispo D. Pedro (1071-1091) e, por isso, é vulgar dizer-se "velho como a Sé de Braga". Deve-se também a este bispo a criação da primeira escola-catedral do País. | |
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Em 12 de Abril de 1112, o Conde D. Henrique e D. Teresa fizeram a doação de Braga ao arcebispo D. Maurício Bordino, sendo esta doação confirmada, mais tarde, a 27 de Maio de 1128, pelo seu filho e futuro rei, D. Afonso Henriques. O senhorio de Braga manteve-se na posse dos seus arcebispos até aos finais do séc. XVIII, apenas com um intervalo de 70 anos (1402 e 1472). Por isso, Braga é referida frequentemente como "a cidade dos arcebispos". | |
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Os arcebispos de Braga, sobretudo D. Paio Mendes e D. João Peculiar (1138-1175), tiveram um papel muito importante na conquista da independência de Portugal, porque, com isso, asseguravam também para si uma maior importância na Igreja da Península Ibérica: a primazia de Braga. | |
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O arcebispo D. Paio Mendes (1118-1137) terá tido grande influência na rebelião do ainda jovem D. Afonso Henriques contra a sua mãe, D. Teresa, que levou à batalha de S. Mamede, em 1128, e o colocou no governo do Condado Portucalense. | |
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O arcebispo D. Gonçalo Pereira (1326-1348) era avô de D. Nuno Álvares Pereira e combateu, ao lado do rei D. Afonso IV, na batalha do Salado. Foi no tempo deste arcebispo que grassou em Portugal e no resto da Europa a célebre Peste Negra. | |
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D. Lourenço Vicente, arcebispo de Braga (1374-1397), cujo corpo incorrupto se pode observar na Capela dos Reis, foi um grande apoiante de D. João, Mestre de Avis, tendo defendido a sua causa nas cortes de Coimbra de 1385 e combatido ao seu lado na batalha de Aljubarrota. | |
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D Fernando da Guerra, arcebispo de Braga (1387-1467), era um descendente - bisneto - de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, por parte do infante D. João, filho destes. | |
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No Museu de Arte Sacra, na Sé de Braga, encontra-se uma cruz de ferro que, segundo a tradição, terá sido levada, em 1500, pela armada de Pedro Álvares Cabral e junto da qual se terá rezado a primeira missa em terras do Brasil. | |
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É a D. Diogo de Sousa, arcebispo de Braga no início do séc. XVI (1505-1532) que se deve a quase totalidade das praças da cidade histórica de Braga, algumas das quais sujeitas, recentemente, a polémicos "novos arranjos": O Campo de Sant'Ana (actual avenida Central), o Campo Novo (actual Praça D. Pedro V), o Campo de Nossa Senhora a Branca, o Campo das Hortas, o Campo de Santiago, o Campo das Carvalheiras, o Campo dos Remédios (actual Largo Carlos Amarante), o Campo da Vinha, etc. Aquela que é considerada a mais bela praça da cidade, a actual Praça do Município, (antigo Campo dos Arcebispos, mais tarde, Campo dos Touros) terá sido aberta ou pelo menos reformulada no tempo do arcebispo D. Agostinho de Jesus (1587-1609). | |
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O cardeal D. Henrique, que foi rei de Portugal após a morte de D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir, tinha sido, anteriormente, arcebispo de Braga (1533-1540). | |
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D. Rodrigo de Moura Teles, arcebispo de Braga (1704-1728), a quem a cidade deve algumas das suas construções mais conhecidas - o ex libris de Braga, o santuário do Bom Jesus - era muito pequeno (cerca de 1,20m) e usava sapatos com tacão alto para disfarçar a sua pouca altura. | |
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No ano de 1852, a 5 de Maio, foi inaugurada a carreira de malaposta entre o Porto e Braga; a viagem demorava 6 horas e custava 1800 réis. O comboio chegou pela primeira vez a Braga no dia 18 de Abril de 1875; a viagem era muito mais rápida e mais barata do que realizada em malaposta: demorava 2 horas e 22 minutos e custava 810 réis. | |
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Foi de Braga que, no dia 28 de Maio de 1926, o General Gomes da Costa partiu em direcção a Lisboa num levantamento militar que veio a pôr fim à I República. Por isso, há uma estátua sua na cidade (em frente ao convento do Pópulo) e, durante o Estado Novo, a principal avenida da cidade - Avenida de Liberdade - teve o seu nome. | |
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Em 1958, durante a campanha eleitoral para a presidência da República, o candidato da oposição, General Humberto Delgado, foi impedido de se deslocar a Braga que era, para o regime do Estado Novo que então vigorava, a "Cidade Santa da Revolução" (revolução de 28 de Maio de 1926). |
(in: http://7mares.terravista.pt/jornalnet/braga.html#inicio)
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Braga é a capital do Minho, cujo nome também de origem Galo-Celta – Bracaros. A sua origem remonta aos tempos pré históricos, daí o nome Braga com os seus habitantes Bracarenses. O Início da cidade terá sido uma citânia no alto do monte, circundada por castros que se destinavam à sua protecção. A Povoação que deu origem a Braga foi conquistada pelos Romanos em 250 antes de cristo. Assim como a Galiza. O Imperador Augusto foi reconhecido, chamaram à cidade Bracara Augusta. Foi elevada a cidade em 11 de Agosto de 1927. |
(in: http://www.jornalinside.com/noticias.php?nid=409)
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Feiras Novas no Tempo
«Após algumas investigações realizadas nos arquivos históricos municipal e da extinta Irmandade do Divino Espírito Santo, erecta na Igreja Matriz, hoje depositado no Museu dos Terceiros, além de bibliografia temática escrita, foi possível estabelecer alguns dados mais precisos sobre a origem das Festas do Concelho, assunto mal aflorado por historiógrafos limianos.
Assim, as Festas do Concelho de Ponte de Lima as tradicionais "FEIRAS NOVAS" foram criadas pelo rei D. Pedro IV por Provisão de 5 de Maio de 1826.
Também chamadas de Festas de Nossa Senhora das Dores, vulgarizou-se a designação popular de Feiras Novas, para as distinguir das feiras quinzenais, às segundas, as mais antigas de Portugal, já referenciadas no foral da rainha D. Teresa concedido a Ponte de Lima em 4 de Março de 1125. As feiras velhas têm a duração de um dia apenas, e as Feiras Novas de quatro, festivos, marcados no documento régio para 19, 20 e 21 de Setembro de cada ano "para dar maior solenidade à festa da Dores", imagem da Virgem venerada em altar próprio na Igreja Matriz, com bela talha barroca de Miguel Coelho, de Barcelos, executada em 1729. Não sabemos quando foi introduzida a Festa de Nª Sr.ª das Dores entre nós, mas que já se realizava em 1792, disso temos notícia por uma obra do Padre António Pereira, da Congregação do Oratório, de Braga que expandiu o culto no Alto Minho, nomeadamente em Ponte de Lima e Monção.
As Feiras Novas passaram a realizar-se no terceiro fim de semana de Setembro, o Sábado, Domingo e Segunda feira, há cerca de cinquenta anos, por acordo celebrado entre a Câmara Municipal e o então Grémio do Comércio de Ponte de Lima.
Da história das Feiras Novas, há ainda a registar que já se realizaram no mês de Julho. Isso aconteceu no ano de1839 nos dias 24,25 e 26 desse mês, mas no ano seguinte foram novamente transferidas para o mês de Setembro, do fecho do ciclo festivo regional.
Com números centenários como a Feira de gado, a Corrida de garranos, e como acima dissemos o bicentenário da festa à Virgem Padroeira (1792), são a alegria de todos no mês de Setembro de cada ano.»
A. Tito de Morais, "Pequena história das Feiras Novas", 1984.
In: http://www.pontedelima.com/fnovashist.htm
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http://www.terravista.pt/mussulo/2313/index.html
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