A Europa desempenha hoje um papel fundamental como sede de emanação de ideias que estão a redefinir o panorama ideológico do mundo muçulmano. A Europa tornou-se "Terra do Islão" devido à presença de cerca de 15-20 milhões de Muçulmanos e nela existem hoje importantes franjas de um Islão politicizado: os movimentos islamistas e seus simpatizantes que querem criar Estados governados pela lei islâmica (Sharia). Estes grupos recrutam a sua base de apoio a partir de actividades religiosas de doutrinação, de formação política, juntamente com uma acção de tipo sócio-caritativa e cultural. Conceitos que na cultura política do Ocidente são sinónimo de terrorismo e violência política, são centrais na ideologia da Jihad Global. Eles são amplamente divulgados, criando uma atmosfera e um caldo de cultura que aceita e promove a confrontação violenta com as instituições ocidentais.

A Jihad Global é o fenómeno de solidariedade entre grupos díspares que partilham de interpretações limitadas do Islão. Os movimentos islamistas conseguiram, nas três últimas décadas, implantar a noção de uma guerra cultural entre a sociedade árabe e a ocidental, convencendo muitos Muçulmanos que o Islão está sob ameaça. A cultura da Jihad Global é agora uma tendência visível na Europa, uma vez que as grandes capitais europeias se tornaram importante sede de movimentos que abertamente promovem teses de confrontação com o Ocidente. A coordenação destes movimentos é reforçada pela liberdade de circulação e ausência de controlos fronteiriços na União Europeia. A Europa tornou-se num importante centro logístico, de apoio às operações da al-Qaeda e terreno de grande movimentação dos extremistas. Os recentes atentados demonstraram que a al-Qaeda e grupos afiliados passaram do seu papel de apoio logístico/de apoio secundário a um papel activo de envolvimento e organização em actos de terror.

A actuação da al-Qaeda é potenciada pela presença de largas comunidades de emigrantes árabes e muçulmanos. Estas comunidades são fonte de recrutamento de elementos locais, essencialmente amadores, que desempenham actividades de apoio ao terrorismo. No seio das vastas comunidades muçulmanas europeias, os descobridores de talentos da al-Qaeda, passam a pente fino as mesquitas onde a mensagem do Islão radical impera na tentativa de recrutar novos elementos para as suas guerras santas. Numerosas mesquitas foram identificadas como centros da cultura fundamentalista e terreno de recrutamento de agentes da al-Qaeda.


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